por Dr. Hugo Luz
Você sabia que o câncer de cabeça e pescoço está aumentando em jovens e que existe um vilão pouco divulgado por trás disso?
Mais adiante frente neste artigo você descobrirá qual é o novo fator que está mudando o perfil de afetados e fazendo pessoas nos seus 30 a 40 anos de idade desenvolverem o câncer de garganta.
Vamos também revelar 5 atitudes de ouro na prevenção e como aumentar as chances de cura da doença em até 46%.
O câncer de cabeça e pescoço infelizmente ainda causa muito sofrimento e mortes em todo o planeta. E especialmente no Brasil, que apresenta índices elevados da doença.
Se por um lado essa triste constatação é verdade, por outro, a chance de reversão deste quadro é muito palpável e real.
A boa notícia é que hoje está em nossas mãos a chance de acabar com esse panorama, porque o câncer de cabeça e pescoço pode ser evitado na maioria das vezes e também curado (a depender de um detalhe importantíssimo).
Continue lendo o post para descobrir sobre como se prevenir, fazer o diagnóstico precoce e aumentar as chances de cura do câncer de cabeça e pescoço.
A primeira facilidade no diagnóstico é que os cânceres da região da cabeça e do pescoço são os tumores mais visíveis do corpo, justamente pela sua localização.
Tanto que o slogan da campanha de 2019 liderada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço é “O câncer tá na cara, mas às vezes você não vê”.
Por isso, a dica principal é que a simples atenção com o próprio corpo pode ajudar muito na detecção precoce e cura.
Parece muito fácil, mas nem sempre isso acontece.
É surpreendente o caso que vou relatar, ocorrido com um pessoa que não apenas é bem instruída, como também uma celebridade.
Você deve conhecer Michael Douglas, famoso ator hollywoodiano, não é mesmo?
Em um dos países com maior tecnologia na medicina mundial, em pleno território dos Estados Unidos da América, o brilhante ganhador do Oscar sentiu na pele a dificuldade que os médicos de lá tiveram para fazer o diagnóstico da sua doença.
Com dores na garganta, ele relatou que passou por alguns otorrinolaringologistas e foi então aconselhado a tomar uma série de antibióticos e anti-inflamatórios.
Levando seu caso a público, Michael Douglas disse que as suas dores e a alteração na boca não melhoravam com o tratamento inicial e ele começou a achar isso estranho.
Havia algo errado.
Foi a partir daí que ele foi aconselhado a procurar um outro tipo de especialista: o cirurgião de cabeça e pescoço.
Como sua preocupação era grande, ele foi simplesmente ao encontro do médico considerado hoje o maior expoente mundial na área: o Dr. Jatin Shah.
Este, com sua natural experiência na especialidade, logo viu que o diagnóstico feito até então pelos demais médicos estava equivocado.
Michael Douglas tinha na verdade um câncer na região da língua e garganta.
E como o tempo passou até a realização do diagnóstico, ele já se encontrava em um dos mais graves estágios da doença.
Seria o fim?
Felizmente não… De modo heroico ele não só venceu a doença com a ajuda de seus médicos, como se tornou um agente na divulgação da prevenção do câncer de cabeça e pescoço.
Com a participação de sua esposa, a atriz Catherine Zeta-Jones, participaram juntos em Nova Iorque do lançamento do alerta à prevenção do câncer de cabeça e pescoço para a população mundial.
Naquela ocasião, em 2014, foi instituído o dia 27 de julho como sendo o Dia Internacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço.
Atualmente mais de 51 países do mundo estão participando desta ação.
Aqui no Brasil, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) aumentou o período de abrangência das ações e instituiu julho como sendo o mês para uma campanha de conscientização sobre o câncer no segmento da cabeça e pescoço.
E assim foi criado o nosso “Julho Verde“, em paralelo aos já existentes “Outubro Rosa”, de prevenção ao câncer de mama, e “Novembro Azul”, de prevenção ao câncer de próstata, respectivamente.
Médicos, cirurgiões de cabeça e pescoço, profissionais da saúde, famílias e pessoas que já passaram ou passam pelo enfrentamento do câncer de cabeça e pescoço são a força motriz na união de todos pela prevenção e combate a essa doença.
Atividades educacionais salvadoras serão realizadas nesse mês em todo o mundo.
Todos estão convidados a participar e divulgar as preciosas informações que podem salvar muitas vidas.
Primeiramente, é importante reconhecer os 3 sinais de alerta:
1. Nódulo persistente no pescoço, principalmente quando não desaparece espontaneamente em até 21 dias, é endurecido e cresce progressivamente;
2. Ferida na boca ou na garganta que não cicatriza em até 21 dias;
3. Rouquidão por mais de três semanas, em especial em fumantes e consumidores frequentes de bebidas alcoólicas.”
Devo enfatizar que não basta reconhecer os sintomas, é preciso ter agilidade em procurar ajuda.
O câncer da laringe (pregas vocais), por exemplo, se tratado no estágio avançado, tem 44% de chances de sobrevida em 10 anos, segundo estudos britânicos.
Mas, se combatido no estágio inicial, as chances de cura sobem para cerca de 90%!
Isso representa 46% de ganho nas chances de cura.
O principal fator no aumento da cura é a procura da ajuda no TEMPO ADEQUADO.
E essa analogia serve também para os tumores das localidades vizinhas: boca, língua e garganta.
Você sabe quais os principais fatores causadores e evitáveis do câncer de cabeça e pescoço?
Vamos então agora aprender quais são as 5 atitudes de ouro para evitarmos esse tipo de câncer.
1. O velho e viciante hábito… Ainda frequente hoje, tem uma boa solução.
Talvez a ação de maior impacto que uma pessoa pode ter em prol da sua própria saúde seja nunca começar a fumar.
Evitar o tabagismo ou parar de fumar, pra quem já começou esse vício, são as atitudes mais essenciais para se evitar o câncer de cabeça e pescoço.
Se você já iniciou o vício, busque imediatamente ajuda para sair dele.
A área da cabeça e pescoço é justamente a porta de entrada das substâncias do cigarro: elas começam a agir logo nos lábios, passando por toda a boca, gengivas, língua, garganta e pregas vocais.
Ou seja, antes de chegar aos pulmões, a fumaça pode machucar todas essas partes do nosso corpo e causar um câncer em qualquer uma delas.
É claro que não podemos mais culpar a falta de informação, afinal é amplamente divulgada a relação de causalidade entre o tabaco e o câncer.
Felizmente a proporção dos cânceres causados pelo cigarro está caindo.
Mas o velho e já sabido vilão, por incrível que pareça, continua gerando novos casos.
É importante, portanto, que todos saibam que existem medicamentos e tratamentos muito eficientes para ajudar as pessoas com esse vício.
Os pneumologistas costumam estar bem habituados com o combate ao tabagismo e são excelentes especialistas para essa finalidade.
2. Outra causa evitável, arraigada em todas as populações.
Este é um hábito completamente estabelecido, vinculado a muitas situações de alegria da vida.
Nossa civilização consume bebidas alcoólicas há séculos, e não deve parar tão cedo.
Vivemos numa difícil e constante busca por um consumo no mínimo mais responsável.
As leis estão aí para nos ajudar a moderar e evitar os agravos mais agudos que o uso abusivo do álcool pode nos causar, como acidentes de trânsito.
Mas seu uso crônico depende mesmo é do nosso próprio controle.
A bebida alcoolica leva a agressão da mucosa, que é como se fosse a “pele” que reveste toda nossa boca e garganta.
Se ingerida de forma rotineira, o álcool pode levar a mutações e danos nas células, o que, por consequência, podem gerar um câncer.
Isso acontece de forma mais perigosa quando existe associação com o hábito de fumar.
Nessa situação ocorre um efeito que chamamos de sinérgico, porque a bebida alcoólica, funcionando como um solvente, abre os caminhos para as substâncias nocivas do tabaco atingirem as mucosas.
E um agressor potencializa o efeito danoso do outro.
Evitar excessos e buscar o equilíbrio é um dos grandes desafios da vida.
Se você tem predileção por vícios, fique longe da bebida alcoólica.
3. Pasmem, existe uma causa de câncer de boca em pessoas que não fumam nem bebem.
– “Como assim, Dr. Hugo? Existe câncer de boca em quem não fuma nem bebe?”
Sim, temos um fator cancerígeno que precisa ficar claro para todos. Imagina qual é?
Você sabia que o câncer de boca pode atingir senhoras e senhores sem vícios?
E que se trata de uma causa totalmente evitável?
A resposta está em um objeto cujo uso é muito comum nessa faixa etária: as próteses dentárias.
Desde que estejam bem encaixadas na gengiva, sem folgas nem sobras, e sempre bem higienizadas, não há problemas com elas.
O perigo está nas próteses que ferem a boca.
Um ajuste mal feito pode gerar fricção constante contra a mucosa da boca, levando a um trauma crônico.
Aí é que se encontra o risco: se não for feito uma boa regulagem ou encontrada uma solução a tempo, a ferida que não cicatriza pode gerar um câncer.
Por isso, devemos ter muita atenção com as pessoas que usam próteses dentárias.
Elas precisam, tanto quanto a população em geral, de acompanhamento periódico de um dentista competente.
4. Mais que um sorriso, a nossa saúde.
Vez ou outra também chega ao consultório pessoas vítimas de um fator causador de câncer de boca que pode ocorrer com qualquer um, mesmo em jovens.
Parece impossível que isso possa ocorrer, mas não é.
Ainda em relação à saúde da boca, existem pessoas que sofrem com problemas na mordida (ou oclusão).
Explicando melhor: se o encaixe dos dentes superiores com os inferiores apresentar determinados tipos de desajuste, pode acontecer da pessoa morder a língua ou a bochecha cronicamente.
Ao longo do tempo, o corpo tenta cicatrizar a ferida, mas um novo trauma ocorre, e a multiplicação celular é novamente estimulada.
Em algum momento, pode haver uma determinada mutação, que pode por sua vez levar a um descontrole das células da língua e, infelizmente, a um câncer.
A visita ao dentista e o cuidado com os dentes é primordial: evita-se doenças muito sérias com este tipo de cuidado.
5. O novo vilão, importantíssimo, e a sua vacina.
Recente publicação da revista científica “Head and Neck”, o principal periódico mundial em cirurgia de cabeça e pescoço, movimentou a comunidade especializada.
Foi então abordado um dos assuntos mais discutidos na mídia e na comunidade científica específica: o tão falado HPV.
Também chamado de papilomavírus humano, é de transmissão via contato físico, principalmente sexual.
Os autores do artigo se incumbiram de sugerir algumas orientações aos especialistas.
O vírus HPV chega a ser a causa do câncer de garganta (orofaringe) em até 70% dos pacientes, dependendo da população estudada.
E os caminhos da prevenção estão se ampliando.
A vacinação contra o HPV parece estar ajudando a diminuir a prevalência do HPV ORAL dos tipos 16 e 18, os mais perigosos e relacionados ao câncer.
No Brasil, o Ministério da Saúde iniciou em 2014 a vacinação de meninas de 11 a 13 anos de idade.
Em 2019 a vacina está disponível na rede pública para os meninos de 11 a 15 anos incompletos e meninas de 9 a 14 anos.
A vacina também está disponível em clínicas de vacinação privadas.
Há muitas informações ainda em fase de pesquisa, mas já temos algumas conclusões iniciais e esclarecimentos:
1. O HPV é comum.
Ele é transmitido via atividade sexual normal.
Não é marcador de promiscuidade ou de comportamentos anormais.
Entretanto, todo cuidado na proteção sexual continua recomendado.
A história natural desta infecção é que a maioria das pessoas rapidamente se livra naturalmente da infecção oral pelo HPV em cerca de 1 ano.
Apenas alguns poucos indivíduos persistem com o vírus e podem desenvolver doenças mais sérias.
2. O HPV geralmente é adquirido muitos anos antes de alguma alteração na boca ou do câncer aparecerem.
Não se sabe ao certo quanto tempo leva para o câncer aparecer, mas o diagnóstico de um tumor de orofaringe associado ao HPV não significa aquisição recente do vírus.
Na maioria das vezes o vírus fica latente e pode levar muito tempo para que algo possa ocorrer.
É importante para o casal ser bem informado sobre isso, para não existir sentimento de culpa.
3. As pesquisas sobre a vacinação contra o HPV estão ficando prontas e mostrando resultados promissores na prevenção das infecções.
Um recente estudo da Organização Mundial de Saúde na Costa Rica apontou redução de mais de 90% na prevalência do vírus na cavidade oral das pessoas no grupo vacinado, comparado ao grupo não vacinado, em 4 anos.
As novas tecnologias e conhecimentos científicos estão ajudando cada vez mais a manutenção da nossa saúde.
Devemos utilizá-los com racionalidade.
Ainda faltam estudos para validar a vacinação como método de prevenção ao câncer de orofaringe. Isso demanda um certo tempo.
Mas já podemos dizer que esse é o mais promissor horizonte de esperança no combate à doença.
Busque orientação médica sobre a vacinação.
Semeie as informações e ajude a transformar a saúde das pessoas!
Só assim poderemos fazer a prevenção e o JULHO VERDE fazerem sentido.
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Obrigado pela leitura e parabéns por participar até aqui conosco!